quarta-feira, janeiro 25, 2006

Quando a Canabis cura :

Por Cristina Hernández*

O Terramérica conversou com pacientes que consomem maconha na cidade norte-americana de San Francisco, onde seu uso terapêutico está autorizado por leis locais.

SAN FRANCISCO.- Música calma e mesas com laterais altas criam um ambiente relaxante no local do Love Shack (Cabana do Amor). Os clientes estão tranqüilos e conversam amenamente. Poderia ser um café como tantos outros, não fosse o fato de o chá, os pastéis e cigarros servidos serem feitos à base de maconha. Love Shack é um dos mais de 30 clubes de maconha medicinal da área da baía de San Francisco, na Califórnia.

O clube conta com cerca de cem pacientes e oferece maconha (Cannabis sativa) em dez apresentações, com preços que variam de US$ 15 o grama até US$ 328 por 28 gramas. “Queremos oferecer um lugar seguro para os pacientes, evitar que fiquem na rua e corram perigo”, explicaram ao Terramérica os administradores do estabelecimento, Damian D. e Chris M. como preferiram identificar-se. Para ter acesso a esses clubes e evitar uma prisão por porte de droga, é necessário obter um cartão de identificação do Departamento de Saúde Pública, que exige, entre outros requisitos, um histórico médico e uma prescrição para o consumo de maconha.

A Califórnia é um dos oito estados norte-americanos cujas leis permitem o uso medicinal da planta. A Lei de Uso Compassivo da Califórnia legalizou, em 1996, a posse, o uso e cultivo de maconha com fins medicinais. Desde então, existe um atrito entre as jurisdições estatal e federal. A Lei Federal de Substâncias Controladas proíbe o cultivo e o consumo de maconha. A Casa Branca e a Agência Antidrogas (DEA) afirmam que se trata de uma substância perigosa por seus componentes tóxicos e propriedades psicotrópicas, e que não existe evidência científica contundente sobre seu valor medicinal.

A maconha, cujo agente ativo é o tetrahidrocannabinol (THC), alivia as náuseas e dores provocadas por tratamentos contra o câncer e a aids e também serve para tratar glaucomas e amenizar dores da artrite e a esclerose múltipla.

De acordo com a Aliança de Homens e Mulheres pela Maconha Medicinal (WAMM), cujos membros são em sua grande maioria pacientes crônicos que cultivam maconha para distribuí-la sem custo, a erva alivia náuseas, ataques epilépticos, insônia, falta de apetite e atrofia muscular, sintomas associados à aids. “Este paciente pode consumir entre quatro e cinco cigarros por dia, o que representa um custo de US$ 400 por mês”, disse Jack, integrante do clube de maconha Helping Hands Center (Centro de Mãos Solidárias), disse, apontando para um paciente de esclerose múltipla que sofre de tremores contínuos.

Entretanto, o consumo de maconha pode provocar efeitos secundários, reconhecem seus defensores. Quem a usa pode sentir-se drogado, perder a concentração e experimentar temores, disse o diretor da Clínica da Esperança, Ricardo Álvarez, do centro de saúde de Mission Neighborhood. A clínica atende aidéticos, em sua maioria de origem latina. “O paciente necessita de um ambiente e um estado de tranqüilidade. Se sofre de paranóia, por exemplo, esta sensação pode aumentar”, disse Álvarez ao Terramérica. Porém, o médico está convencido de que deve defender o direito do paciente de fazer a escolha.

A experiência com maconha está sendo muito positiva para Marcos Deumetrious, de 47 anos e portador do HIV, desde 1994. Ele tem dois empregos, faz exercícios diariamente e se considera com energia e atitude positiva. “O uso de medicamentos convencionais não me permitia trabalhar, dormia no ônibus. Um distúrbio nervoso em uma perna não me deixava levantar pela manhã. Comecei a utilizar maconha e recuperei minha energia. Creio que o efeito depende da pessoa”, afirmou. Estes efeitos são imediatos quando a maconha é fumada e demora entre 30 minutos a uma hora quando é ingerida. Para Deumetrious, esta é uma vantagem, já que permite manejar mais facilmente a dosagem.

Apesar da proibição que pesa sobre a maconha, a Administração de Medicamentos e Alimentos (FDA) aprovou o medicamento Marinol, um composto sintético do THC para o tratamento de câncer e aids. O preço de um frasco com 60 cápsulas fica entre US$ 800 e US$ 900. Segundo a WAMM, um tratamento anual com Marinol custa cerca de US$ 30 mil. Um dos defensores da maconha mais destacados do país, Ed Rosenthal, foi processado por um tribunal federal, acusado de cultivar mais de cem pés de maconha. Durante o processo, o juiz proibiu o júri de considerar que Rosenthal entregava as plantas para um centro médico de San Francisco. A pena poderia ser de cinco anos de prisão.

A polêmica continuará. Em resposta às ações da DEA contra clubes de maconha, os cidadãos de San Francisco aprovaram a Proposição S, que teve 63% dos votos nas eleições de novembro passado. Segundo esta norma, as próprias autoridades locais terão permissão para cultivar e distribuir a maconha com fins medicinais. San Francisco pode converter-se, dessa maneira, na primeira cidade norte-americana a fornecer a erva aos seus doentes.

P.S.: Ao Dr. Sobral (O meu médico de familia): Leia e começe a forneçer saquinhas com Canabis !!
LEGALIZE!!!

1 comentário:

MLC disse...

Não compres! Não vendas! PLANTA!

Diz NÃO ao tráfico!
Auto-Cultivo LEGAL!